quarta-feira, 23 de junho de 2010

Confessando o inconfessável


Por Loisa Mavignier

Que me perdoem os aficcionados por futebol e, antes de tudo, saibam que sou patriota. Copa do Mundo 2010. Multidões Brasil afora enlouquecidas com seus ídolos correndo atrás da bola e medindo forças e técnicas com os melhores jogadores do mundo. Milhões de pessoas em êxtase!! Até aí, tudo normal. O estranho é me sentir a estranha no ninho. E sempre foi assim. Não consigo respirar futebol, me transformar numa foliã e sair por aí gritando, dançando e pulando a cada partida, num carnaval fora de época. Mas acho intrigante e divertido observar a disposição massificada das torcidas, de longe.

Conheço gente que teve até infarto em dia de jogo. Casamentos desfeitos porque o marido não saía de casa em dia de copa, copinha ou copona, nem com alerta de Tsunami. E gente que fica dando patadas no ar se o seu time perde. Ufa, é futebol o ano todo. Antes que queiram me linchar, vale ressaltar que amo o meu Brasil com todas as suas contradições. E adoro ser brasileira, tupiniquim mesmo. Mas decidi confessar o inconfessável: não consigo ver uma partida de futebol sem desejar ardentemente estar fazendo outra coisa. A mente começa a divagar por outros campos, menos o do jogo. Copa do Mundo pra mim é o gol e saber que o meu país ganhou. Com isso já me dou por satisfeita.

Sempre perguntei o por que da minha falta de  interesse por algo que todo mundo, com raras exceções, parece entender um pouco e adoraaar... Até que dia desses, vendo um programa de TV na madrugada, me senti menos sozinha. A cantora Zizi Possi também confessou viajar por outras terras além dos campos de futebol na África. Questionada pelo apresentador sobre a Copa do Mundo, respondeu que não tinha uma opinião a dar. Disse que “até viu o jogo porque tinha que ver, a TV estava lá mesmo, e deu aquela torcidinha na hora do gol, mas em determinado momento da partida, dormiu”. A sinceridade dela me serviu de consolo. Passei a não me sentir mais o único ser esquisito da humanidade em relação a futebol. Nunca tive um time e nem torci pra ninguém.

Até existem algumas coisas que atraem a minha atenção no futebol, como por exemplo, o  comportamento de massa e as notícias sobre os jogadores que estão sempre nas paradas de sucesso. Escândalos, romances com modelos (aliás, eles têm uma fixação por elas), separações, salários e pensões milionárias, origens pobres, amizades perigosas, bebedeiras e outras coisas mais, às vezes obscuras, como a violência de algumas torcidas organizadas ou o desvio de um ou outro jogador do BEM do esporte. Mas apesar de minha indiferença à bola em campo, é Copa do Mundo!!! Reconheço o mérito daqueles que conseguem deixar o povo em transe, fazer tanta gente vibrar, sofrer, sonhar e esquecer por algum tempo a vidinha mais ou menos. Aí dou o braço a torcer. Tomo uma cervejinha com os amigos, não grito, mas penso: ( e vale até um chavão) Se é para o bem de todos e para a felicidade geral da Nação... Avante Brasil!! Seja HEXA Campeão!!